Neurociências

Uma equipa liderada por Lisa Miller, da universidade de Columbia (EUA), descobriu que as pessoas que atribuíam grande importância à religião e à espiritualidade tinham maior espessura do córtex cerebral. Isto era ainda mais evidente nas pessoas com uma história familiar de doença mental, em que a maior espessura do córtex se verificava precisamente nas mesmas regiões do cérebro que se apresentam mais delgadas nas pessoas com maior risco de desenvolverem depressão. 
Contudo, o artigo adverte que os resultados são correlacionais e, por conseguinte, não há uma relação causal entre a espessura cortical e a importância atribuída à religião e à espiritualidade. 
 
Neste artigo da Scientific American relata-se o que a investigação sobre meditação, passeios na Natureza, sestas, hábitos de artistas e atletas de exceção, tem revelado acerca da importância das pausas mentais: aumentam a produtividade, avivam a atenção, solidificam memórias e estimulam a criatividade.
 
Demonstrou-se, pela primeira vez, que a meditação provoca alterações na expressão de genes que estão envolvidos em vários processos benéficos para a saúde. 
Os genes sobreexpressos têm principalmente três efeitos benéficos: aumentar a eficiência energética das mitocôndrias; aumentar a produção de insulina, melhorando assim o controlo dos níveis de açúcar no sangue; e evitar o encurtamento dos telómeros, extremidades dos cromossomas que contribuem para a manutenção da estabilidade do ADN, evitando assim o envelhecimento celular.
Por outro lado, os genes que se tornaram subexpressos são regulados pela via NF-kappaB que desencadeia processos de inflamação crónica associados a doenças como pressão arterial alta, doença cardíaca, inflamação do cólon e alguns cancros.
Os investigadores verificaram que as alterações genéticas se produzem apenas alguns minutos depois de se praticarem os exercícios.
 
Os autores propõem um quadro teórico para responder à seguinte questão: como é que o treino da atenção às sensações corporais e à respiração pode originar mudanças positivas em medidas afetivas e cognitivas aparentemente não relacionadas (p. ex., estado de espírito, ruminação, memória de trabalho, angústia associada a dor crónica)? 
Os autores concluem que a atenção a sensações corporais localizadas permite a regulação cognitiva e emocional através da melhoria do processamento pelo cérebro da informação sensorial. De acordo com aquele modelo, a prática da meditação baseada em mindfulness permite um controlo mais fino de certos ritmos alfa em locais específicos do córtex sensorial. Por sua vez, a modulação eficiente dos ritmos alfa corticais permite otimizar a filtragem da informação sensorial. 
Quem pratica aquele tipo de meditação aprende não só a controlar as sensações corporais a que dá especificamente atenção, mas também a como regular a atenção para que não tenha uma preferência enviesada por sensações físicas negativas como a dor crónica. Este controlo, através da atenção localizada, dos ritmos alfa somatossensoriais torna-se generalizado, de modo que melhora a regulação da tendência para desenvolver pensamentos negativos, como na depressão.
 
Um artigo (versão completa em pdf aqui), publicado em 2011 na revista Psychiatry Research: Neuroimaging, relata um estudo longitudinal controlado que visava investigar, através de imagens de ressonância magnética, alterações na concentração de substância cinzenta do cérebro, atribuíveis à participação num curso de MBSR. 
Os resultados apontam para que a participação num curso de MBSR esteja associada a alterações na concentração e susbtância cinzenta em regiões do cérebro envolvidas em processos de aprendizagem e memória, na regulação emocional, em processamento auto-referencial e adoção de perspetiva.