Efeitos indesejados

A meditação mindfulness pode ter efeitos indesejados?

Segundo os Professores Ruth Baer e Willen Kuyken, do Centro de Mindfulness da Universidade de Oxford, no artigo “Is mindfulness safe?”, temos muito pouca informação científica sobre os riscos potenciais da prática de mindfulness.

Começam a surgir relatos de problemas causados pela prática de mindfulness. Tais problemas parecem ser raros, mas ainda assim significativos, e exigem uma investigação mais aprofundada.

É importante não esquecer que mindfulness não é a única maneira de reduzir o stresse e de aumentar o bem-estar —  e pode não ser adequada (pelo menos temporariamente) para todas as pessoas.

É o caso dos sobreviventes de trauma, como refere D. A. Treleaven no seu livro Trauma-Sensitive Mindfulness (W. W. Norton & Company, 2018). Um acontecimento traumático é, tal como se pode ler naquela obra, uma experiência stressante a ponto de a pessoa se sentir desesperada, assustada, esmagada ou extremamente insegura. Poder-se-ia pensar que esses casos são raros, porém, numa estimativa citada naquele livro, 90% da população terá sido exposta a um acontecimento traumático, e 8 a 20% dessas pessoas vão sofrer de perturbação de stresse pós-traumático. Ora, dada a popularidade que a meditação mindfulness adquiriu nos últimos anos, é muito provável que num curso de mindfulness haja uma pessoa sobrevivente de trauma. Embora a meditação mindfulness seja em geral uma prática benigna de redução do stresse, pode, segundo aquele autor, exacerbar os sintomas de stresse em pessoas que sofreram traumas, atirando-as para dentro de feridas que requerem mais do que mindfulness para sararem.  Todavia, como sublinha aquele autor, nem todas as pessoas que sofreram traumas têm uma resposta adversa à mindfulness, mas precisamos de estar preparados para essa possibilidade.